Alguma coisa sobre a infância

19:46

Sempre que me perguntam sobre minha infância, eu preciso me esforçar um bocado para conseguir falar sobre. Não que ela tenha sido triste ou sem graça, é que eu só não consigo falar de algo específico, porque nunca fui uma criança que curtisse fazer coisas exclusivas, como ficar em frente à TV por longas horas, por exemplo. Sempre gostei de experimentar várias atividades e, pensando bem, acho que até hoje isso não mudou nadinha.

Uma das coisas que eu fazia bastante, era ficar em frente à minha casa brincando com algumas crianças que moravam na casa ao lado. Algo curioso sobre essas crianças, é que elas iam e vinham, porque a rotatividade de moradores daquela casa acontecia em média a cada 3 meses. Eu lembro como se fosse ontem das vezes em que eu fazia amizade com algumas daquelas crianças e, do nada, elas iam embora. Desta forma, eu me via obrigada a fazer um grande esforço para me aproximar dos novos moradores e estabelecer amizade com eles. Lembro especificamente de uma menina que me ensinou a trançar o cabelo de uma boneca. Até hoje, todas as vezes que tranço o cabelo lembro do quanto eu havia achado incrível ela ter 1 ou 2 anos a menos que eu e já saber trançar tão bem (provavelmente tínhamos entre 6 e 8 anos). Hoje, percebo que aquela rotatividade absurda talvez tenha me ajudado a lidar melhor com as perdas e aprender que pessoas vão e vem. Além disso, a  saudade que eu sentia dos meus amiguinhos foi útil de certa forma, pois ela me livrava do sentimento de vazio. Sempre preferi sentir dor a não sentir nada.

Outro fato que lembro sobre minha infância é que eu alimentava uma paixão absurda por fotos impressas. Minha avó tinha uma mala de viagem CHEIA de fotos de família e eu vivia entocada no canto do quarto. Ali, tão só, eu revirava as imagens, colocava-as em álbuns, tirava, recortava, nomeava, numerava, fazia dedicatórias (de fotos que nem eram minhas) e esperava ansiosamente o dia em que minha mãe permitiria que eu utilizasse nossas velhas câmeras de filme para fotografar.

O engraçado, é que eu lembrei deste detalhe há pouco tempo. E foi muito esclarecedor perceber como o amor pela fotografia sempre esteve em mim, assim como outras coisas cujas essências desconhecemos ou não buscamos conhecer. Fiquei surpreendida ao perceber que passados mais de 10 anos, essa estima permanece em mim. Arrisco declarar que, se já existe há tanto tempo, levando em conta que tenho apenas 20 anos, esse contentamento jamais desaparecerá.

Há cerca de 3 anos, (re)conheci a fotografia analógica e me apaixonei. Quando criança, nunca pude utilizar câmeras analógicas, principalmente por causa dos custos. Lá em casa, filmes eram comprados apenas em momentos especiais, como aniversários e formaturas. Quando finalmente atingi uma idade plausível para usar uma câmera, o digital já havia "tomado conta" e minha mãe já nem tinha mais uma câmera de filme. Acho que isso também explica essa paixão que surgiu agora, depois de adulta. Aquela vontade tão forte precisava ser cessada em algum momento, e o momento foi agora (mesmo que involuntariamente). Penso que a Janaine de 2003 estaria feliz ao ver a Janaine de 2017 usando câmeras de filmes. =)

Hoje trouxe algumas fotos que eu e minha amiga Ângela fizemos com a Canon EOS Rebel gii de um amigo. Este é um dos filmes que mais gostei de revelar na vida, sem exageros.





 

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